A edição de 2009 da Moda Barcelos consagrou um projecto que se iniciou há uma década e que nos últimos anos vinha conhecendo melhorias significativas. A fasquia da qualidade e do profissionalismo do evento foi muito elevada, este ano, impondo-se como um marco na divulgação dos trabalhos dos criadores e empresas têxteis do concelho.
joão batista faria
O público afluiu em massa ao Largo do Município nas duas noites. Primeiro, na sexta-feira, para assistir ao desfile de peças de vestuário de cerca de duas dezenas de empresas,
estilistas e criadores do concelho. O desfile não se limitou à passagem
mecânica dos modelos. Houve tempo para entremear o desfile das colecções com actuações musicais e de dança, só com gente de Barcelos. Tudo apresentado
pelo actor Diogo Morgado, que teve uma prestação impecável nos dois dias do desfile. No final, a conhecida designer Ana Sousa apresentou a sua colecção
Outono / Inverno. Foi a vez das estrelas da passerelle – Diana Chaves, Merche Romero, Vanessa Oliveira, Cláudia
Borges, entre outras - desfilarem em palco e serem ovacionadas pelo público que não arredou
pé até ao fim. Nem mesmo quando apupou o presidente da Câmara, no momento em que foi convidado a ir ao palco para entregar os troféus aos modelos e estilistas participantes.
No sábado, o público voltou a encher o Largo. Desta vez eram as lojas da cidade a apresentar as suas colecções, como que a lembrar aos barcelenses
que não é necessário
sair de Barcelos para comprar boas peças de vestuário e calçado. Ao todo, desfilaram dezenas de modelos com peças de 19 lojistas, num espectáculo com muita luz, cor, som, animação musical e dança – só com gente de Barcelos. O final do espectáculo, que foi também o final da edição de 2009 da Moda Barcelos não podia ter encerrado da melhor forma, com o desfile de uma colecção para senhora, da autoria de Francisco Rosas. O designer barcelense, que há duas décadas partiu para Paris à procura de uma oportunidade no mundo da moda, apresentou-
se pela primeira vez aos barcelenses. E encantou. As suas peças fazem uma síntese perfeita de uma série de influências, desde os trajes tradicionais confeccionados pelos seus avós, passando pela finura dos grandes criadores
com quem trabalhou:
Hermès (França), Valentino (Roma) e Prada (Milão).
A marca
do sucesso
Logo no primeiro dia do desfile era claro que a Moda Barcelos 2009 tinha a marca do sucesso. A presença dos dois estilistas de renome e das modelos conhecidas da televisão elevaram a qualidade do evento. Depois, a organização rigorosa, o brio profissional dos espectáculos, a alegria dos participantes e a beleza das peças, a adesão e o aplauso do público fizeram com que esta décima edição fosse muito mais do que se esperaria, como confessou
ao Jornal de Barcelos a vereadora do Pelouro da Juventude. “Superámos
largamente as expectativas. Este evento é já uma marca e estamos
bastantes satisfeitos com o resultado. Tivemos
dois dias em cheio, com muito público”, disse Joana Garrido. Uma das apostas desta edição foi a localização: “aliámos o património ao objectivo principal deste evento que é a promoção
da indústria têxtil e do comércio local. Há uma frase que foi sendo dita nestes dois dias que é ‘Barcelos está na moda’, e todos concordamos que é importante que
Fariaos barcelenses tenham orgulho na sua terra”.
Mas o projecto Moda Barcelos não é só o dia do espectáculo. É todo um processo que se iniciai
com a aprovação do regulamento, passando pela selecção dos jovens modelos. “Este ano, tivemos
150 jovens inscritos e desses seleccionámos 31”, que foram, depois, “sujeitos a um processo formativo durante muitas semanas”. Neste longo processo que começou nas primeiras semanas do ano, há ainda a inscrição das indústrias, dos estilistas, dos lojistas, os contactos e os convites, a cargo de uma equipa “que fez um trabalho muito forte e que quero salientar”.
Francisco Rosas diz que “esta é uma iniciativa muito positiva” para o concelho. Referindo-se à crise que afecta o sector têxtil, o estilista entende que para salvar esta indústria é preciso “fazermos coisas de qualidade, inovadoras, porque o mundo precisa disso”. Portugal, referiu ainda ao Jornal de Barcelos
“não pode competir
com a Índia e com a China, porque depois desses aparecerão outros países que fabricarão ainda mais barato e essa é já uma guerra perdida”. Por isso, “se Barcelos investir na qualidade e em técnicas novas e for lá fora ver o que se está a passar, (a sua indústria têxtil) tem um grande futuro. Há 20 anos, fui ver o que se estava a passar e hoje voltei com um resultado que cá não existe: matérias novas e maneiras de trabalhar inovadoras”.
in Jornal de Barcelos
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