"Todos dizem ser forte o rio que tudo arrasta. Ninguém diz serem fortes, as margens que o comprimem"

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Actores portugueses ganham destaque além- fronteiras

Espanha, França, Brasil e Estados Unidos são destinos de trabalho privilegiados pelos actores portugueses. Partem movidos pela ambição de carreira ou pela escassez de projectos


Trabalhar além-fronteiras é, cada vez mais, uma realidade para os actores portugueses. A busca de novos mercados, experiências, melhores cachets e a asfixia do cinema português são as principais razões que promovem a incursão dos nossos artistas no estrangeiro. Espanha e França são destinos privilegiados, pela sua proximidade. Contudo, Estados Unidos e Brasil, onde Daniela Ruah, Joaquim de Almeida e Ricardo Pereira já são dos mais procurados, continuam a ser os mercados de sonho.

Joaquim de Almeida, um dos vilões mais requisitados de Hollywood, nunca teve dúvidas de que o futuro estava do outro lado do Atlântico. "Nos EUA, um actor chega a receber mais de 30 mil euros, por episódio, numa série televisiva", confirma o actor, que nunca virou costas ao cinema europeu. Em filmes como ‘Desperado’, ‘Longe da Terra Queimada’ e ‘Velocidade Furiosa 5’ e em séries como ‘24’, ‘CSI Miami’ e ‘O Mentalista’, Joaquim de Almeida já contracenou com as maiores estrelas do cinema. "Não há nenhum actor que sobreviva dos filmes em Portugal. Fazem todos novelas porque é a única forma de subsistirem".

Daniela Ruah decidiu seguir o exemplo do veterano e também apostou numa carreira internacional após algumas novelas da TVI. Apesar de o sonho ser o cinema, a jovem encontrou o reconhecimento na série ‘Investigação Criminal: Los Angeles’, da CBS. "A série tem-me proporcionado experiências novas e a oportunidade de conhecer pessoas muito interessantes", revela.

Diogo Morgado é outro actor que quer tentar a sua sorte nos EUA. ‘Mary Mother of Christ’, em que contracena com Al Pacino e Peter O’Toole, pode ser o seu passaporte. Apesar de considerar a experiência "única", admite que uma carreira internacional não é "uma prioridade". Já Benedita Pereira, que decidiu ficar em Nova Iorque depois de completar os estudos, ainda só teve oportunidade de participar em algumas curtas-metragens.

Maria Vieira, uma das muitas actrizes portuguesas a trabalhar no Brasil, lamenta que o nosso mercado seja "reduzido", factor que deixa "muita gente de fora". "A competição é feroz e o panorama econonómico que se vive no nosso País só piora a situação. Infelizmente, não são apenas os actores que convivem com essa dura realidade", explica à Correio TV. E acrescenta: "No meu caso, não fui eu que apostei no Brasil, foi mais o Brasil que apostou em mim! A minha carreira em Terras de Vera Cruz é fruto do meu trabalho. Foi por isso que voltei para fazer a minha segunda novela na Globo". Mas a actriz tem outros convites. Em Julho vai integrar o elenco da série brasileira ‘Pé na Cova’. Antes disso, viaja para Paris, onde rodará ‘La Cage Dorée’, filme francês com Joaquim de Almeida e Rita Blanco.

Ricardo Pereira é outro rosto português bem conhecido no Brasil e um dos mais bem pagos. Depois das novelas ‘Como Uma Onda’, ‘Negócio da China’ e ‘Insensato Coração’ (em exibição na SIC), o actor integra agora o elenco de ‘Aquele Beijo’, onde também participam Maria Vieira e Marina Mota. "A Globo é das maiores televisões do Mundo. É muito bom trabalhar para este universo", afirma o actor, sublinhando que a novela da noite é vista por 90 milhões de pessoas. "Traba-lhar fora é sempre aliciante para qualquer profissional, seja actor ou jogador de futebol", diz.

Entretanto, outros galãs lusos que partiram à conquista de Terras de Vera Cruz são Paulo Rocha, que integra o elenco da novela ‘Fina Estampa’, e Gonçalo Diniz, que, para já, está rendido ao teatro.

Paulo Pires, 44 anos, que em 1996 entrou na novela brasileira ‘Salsa e Merengue’, há muito se aventurou no mercado espanhol. Em 2004 integrou o elenco da série ‘Los Serranos’. O desempenho conquistou o público e novas propostas de trabalho surgiram. Seguiu-se a série ‘Fuera de Control’ (2006), com mais de 13 milhões de telespectadores, e ‘Ellas y El Sexo Débil’ (2006). No ano passado, Paulo Pires voltou a Espanha, desta feita para filmar ‘Carmen Cervera. La Baronesa’, série que retrata a vida da baronesa Thyssen. Seguiu-se o filme espanhol ‘Suave Odor a Laranja’. Para Paulo Pires, as incursões no estrangeiro "não estão relacionadas com a falta de trabalho no mercado nacional". "Ninguém deve limitar a sua carreira a um país. É preciso aproveitar as oportunidades, estejam onde estiverem, desde que elas nos interessem. Trabalhar além-fronteiras é uma experiência nova, um estímulo para a carreira, uma mais-valia para o nosso trabalho. E, hoje em dia, há cada vez menos fronteiras, seja de que género for", afirma à Correio TV. Em relação ao cinema nacional, o cenário complica-se: "Há bom cinema português de autor, mas não há uma indústria cinematográfica no nosso País. E, nos dias que correm, é um acto heróico ver um realizador disposto a fazer um filme", sublinha. Espanha é o destino privilegiado de outros nomes conhecidos do público, como Soraia Chaves, que viveu três anos em Madrid e contracenou com Nicolau Breyner em ‘Barcelona: Cidade Neutral’), Dalila Carmo, Filipe Duarte e Marcantonio del Carlo.

Em França, Rita Blanco tem dois filmes para fazer. A protagonista de ‘La Cage Dorée’ tem viajado entre Lisboa e Paris para os ensaios, mas em Abril vai mudar a rotina: "Quando começarmos a rodagem vou ter de me reorganizar porque tenho uma filha. Vou tentar convencê-la a ficar lá uns tempos comigo", diz Rita Blanco à Correio TV, que considera que "não há cinema em Portugal". Já Sofia Sá da Bandeira, que fez muito cinema em França e este ano deverá participar em mais um projecto, diz: "Encaro estas experiências como uma aprendizagem, em que partilhamos conhecimentos".

Fonte: Jornal "Correio da manhã"

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