"Todos dizem ser forte o rio que tudo arrasta. Ninguém diz serem fortes, as margens que o comprimem"

sábado, 23 de maio de 2009

Entrevista de Diogo Morgado a sapo fama


Diogo Morgado encarna a figura de Salazar numa mini-série da SIC que irá para o ar nos dias 8 e 9 de Fevereiro. Tema central: os amores secretos do homem que durante décadas governou Portugal.

Como se preparou para o papel?
Li cartas que foram redigidas pelas mulheres que passaram na vida de Salazar e toda a pesquisa que foi feita pela produtora. Fiz ainda alguma preparação física, porque não sabia como era representar um homem de 60 anos. Com a ajuda das câmaras, fui visualizando o efeito.

Qual foi a primeira coisa que lhe veio à cabeça quando lhe foi proposto este papel?
Uma estranheza muito grande. Até porque não sabia que parte da vida de Salazar iam focar. A imagem que eu tinha de Salazar era do velhinho e não percebia como é que eu ia interpretá-lo. Depois de ler o guião, percebi o porquê de escolherem alguém da minha idade. Senti uma grande responsabilidade e não queria falhar.

Este trabalho mudou alguma coisa na sua opinião sobre o Salazar?
Mudou sobretudo o conhecimento. Em relação ao que sei hoje, posso dizer que era um ignorante.

Ele era sedutor?
Ele era um homem, tinha necessidades sexuais, de carinho e de afecto. Por mais que quisesse passar a imagem de estar casado com a Nação, era um homem. E, acima de tudo, era muito solitário.

Durante as filmagens, quanto tempo passava na caracterização?
Dependendo da idade que fosse representar, podia passar duas horas e meia ou até três. Era um processo complicado. Tinham de esticar a minha pele e pôr um látex que, depois de seco, enruga.

Há uma imagem em que Salazar, já muito velho, aparece despido. É o Diogo?
Era impossível, de repente, um corpo de 20 passar para um de 60...

Foi a personagem mais difícil de interpretar na sua carreira?
Sim, não só por ser Salazar, mas também por ser uma pessoa que toda a gente conhece e de que toda a gente tem uma opinião. Não só as pessoas que viveram naquela época e foram afectadas negativamente pelo Estado Novo e pela Pide, mas também quem lê sobre ele. Na escola ouvimos falar de Salazar e criamos uma pré-ideia daquela figura.

Tem medo da reacção do público?
Estou esperançado em que as pessoas gostem. Era bom que também tivesse uma vertente pedagógica. Para muito jovens talvez não seja a melhor maneira de aprender, mas pode suscitar curiosidade para quererem estudar esta figura incontornável da nossa história

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